“COMPADRE SURDO”
Personagem: Ramão e Juca
Ramão: ( sozinho no palco, com um cesto de ovos fala
de si mesmo):
É
triste a gente ouvir mal. Muitas vezes me dizem uma coisa e eu por ser surdo,
entendo outra e me torno ridículo. Assim, há um mês mais ou menos, a véia me
disse: Já te pagou o patrão? E eu
entendi que me perguntou se o Então já pegou o ladrão, porque há muito tempo,
já o Então se queixava que alguém lhe roubava as galinhas. Então eu disse pra
minha véia. Se pagasse o miserável merece uma tunda de laço e talvêz até a
cadeia minha véia ficou muito braba comigo porque pensou que eu tratava de
ladrão o meu bom patrão o seu Joanico, que me tinha ajudado prá eu capinar as
suas plantas. Quando ficou explicado o engano e eu disse que o patrão me ia
pagá na outra semana a véia me disse tá bem então tu receber o dinheiro me dá
algum prá eu comprá galinha: e eu ouvi mal e pensei que a véia queria compra
caninha. Fiquei danado e disse e: véia pra tu compra e bebe caninha não te dou
nem um tostão: Então ela me xingou que eu jurgava que ela queria beber caninha,
quando ela falou em comprá galinha pra ela pô ovos e dispois nois vende esses
ovos. Assim eu fiquei contente e a véia comprô cinco galinha e agora estamos
vendendo ovo.
Juca: (
entra com um casaco e um saco nas costas) - Bom dia, compadre Ramão.
Ramão: - Bom
dia, compadre Juca ) apertam-se as mãos).
Juca: - Então como vai, está com ar de festas?!
Ramão: -
Onde eu vou e o que tenho na cesta? Vou pro’s compadre, levar ovos.
Juca: - Como lhe vai a comadre, que conta de
novo?
Ramão: - Ah!
O compadre pergunta porque levo tantos ovos? É prá vende, é prá vende.
Juca: - Eu não pergunto por ovo, Mas se tem
alguma novidade.
Ramão: -
Sim, eu vou vender ovos na cidade. Lá tem mió preço do que na colônia.
Juca: - Eu sabia que ouvia mal, mas agora vejo
que é bem avançado.
Ramão: -
Sim, compadre, também o nosso feijão foi queimado esta vez por geada. E você
compadre que traz neste saco?
Juca: - É farinha, trago do moinho.
Ramão: -
Caninha e uns tragos de vinho? Então nós se sentamos e bebemos uns tragos. Não
gosto de caninha, mas vinho eu adooro.
Juca: - O compadre entendeu mal. Não trago
bebida, trago farinha para pão olhe para você se convencer ( Mostra-lhe
esfregando no nariz/olha no saco).
Ramão: - Ah!
é farinha e eu entendi caninha. Discurpe compadre, mas eu sou meio surdo e
assim acontece que oiço mar.
Juca: - O Compadre não disse como vai a sua
gente.
Ramão: - É
verdade: Foi muita água nesta enchente.
Juca: - Mas ... Já se vê que não entende.
Ramão: - A
que preço são os ovos que vende? Aqui a um Cruzeiro, mas na Cidade três. Mas
agora tenho que ir. Adeus cumpadre!!!
Juca: - Até outra vista compadre, lembranças a
comadre.
Ramão: - isso
mesmo, eu vou pegar as outra pista, aquela que passa na casa do padre.
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