Ato I
Personagens: Evaldo - Pai; Carlos - Filho ; 1 drogados; 01
policial Chefe
Música 1 (regras da vida)
Evaldo
sentado a uma mesa lendo um jornal, de repente toca a campainha
Evaldo: Oh Paulo, como vai, tudo bem??? Entra ... O que lhe
traz aqui?
Paulo: è o seguinte, eu estive dando uma olhada num de seus
relatórios, e constatei que alguns dados não estão batendo.
Evaldo: Mas é grave chefe?
Paulo: Não, apenas quero que você vá a minha casa hoje a tarde
para resolvermos este Problema!
Evaldo: Reunião na tua casa? Puxa, mas eu prometi ao meu
filho que iria levâ-lo a passear...
Paulo: Sinto muito ,
mas sabe como é trabalho é trabalho! Não admito a sua falta!
Evaldo: Está bem, eu
vou. Meu filho pode esperar, ele tem muito tempo ainda. (O chefe sai enquanto entra o filho)
Carlos: O pai, estou pronto. Vamos sair e passear?
Evaldo: Olha Carlinhos, eu... tinha prometido, mas não vou
poder cumprir. Combinei com o Paulo que iria a uma reunião na casa dele e não
posso passear.
Carlos: Pô pai, você sempre arruma uma desculpa, nunca tem
tempo para mim.
Evaldo: Meu filho, você ainda é jovem e tem muito tempo para
se divertir.
Carlos: Olha pai, eu tenho treze anos, quando fiz cinco, foi
a última vez que você me levou para passear, depois disso nunca mais.
Evaldo: Faz o seguinte: Veja lá com a tua mãe, se ela te
leva... (Evaldo sai)
Carlos: O mãe! (Carlos sai a procura da mãe)
Acende o foco no Carlinhos e toca a faixa 2 (Imagine John Lenon)
Carlos: Puxa vida, aqui em casa tem tudo: comida, conforto,
dinheiro, freqüento a melhor escola, mas não tenho o principal: o amor de meus
pais. Eu acho que não gostam de mim... afinal, tudo é mais importante do que eu.
Ninguém tem tempo para mim....
Apaga a luz e continua com o fundo musical...
Narrador: Sl 127(LER) Cenas como esta se repetem muitas vezes
na família . Cenas onde pais não cumprem seu papel principal; o de amar, dar
carinho e atenção. Não acompanham o crescimento intelectual e espiritual de
seus filhos. Muitas vezes acontecem brigas entre pais e filhos tornando-se um problema muito
grande, trazendo graves conseqüências. E assim como diz um sábio “O que o filho
não encontra dentro de casa, ele busca fora dela. Mas às vezes encontram com
pessoas que apresentam soluções erradas para os problemas....
“ E
assim Passaram-se dez anos.
(Evaldo sentado na sala,
lendo um jornal, entra o filho, acende a luz e toca a música 3.
Carlos: E aí, velho, tudo bem?
Evaldo: Meu filho, não admito em hipótese alguma que você
use gíria quando falar comigo, certo?
Carlos: Ué, por quê?
Evaldo: Por quê? Eu sou seu pai. Exijo respeito...
Carlos: Grande coisa. (tira a camisa e senta em cima da
mesa)
Evaldo: Carlos, não sente em cima da mesa, ou está pensando
que aqui é a casa da sogra?
Carlos: Não, se fosse eu não sentava.
Evaldo: Meu filho, vamos conversar um pouco.
Carlos: Conversar o quê?
Evaldo: Carlos, o teu comportamento anda meio...
Carlos: Meio o quê?
Evaldo: Você sempre foi uma criança tão quieta e de repente se
tornou um rebelde, não respeita mais nem teu pai, tua mãe...
Carlos: Pai, o que é que você fez por mim até hoje?
Evaldo: Carlos, nunca lhe faltou nada aqui em casa, você
sempre teve tudo o que desejou: comida boa, dinheiro sempre a vontade, estudou
nos melhores colégios...
Carlos: E o que mais?
Evaldo: Mas quer mais que isto ainda?
Carlos: Olha pai, você nunca foste meu amigo. Quando criança
nunca me deu um beijo, nunca me deu um conselho, nunca sentaste comigo para conversar,
nem tão pouco teve tempo para mim. Nunca me deu amor de fato. O que esperas de
mim agora?
Evaldo: Amor... amor é coisa do passado, hoje em dia ninguém
tem mais tempo para isso. Vê se você consegue se alimentar com amor, vê se
consegue se divertir com amor, será que conseguirias estudar num ótimo colégio
só com amor?
Carlos: Olha velho, de que me adianta ter todo o dinheiro do
mundo se não sou feliz. Dentro de mim existe um vazio. E é justamente o espaço
de amor que tu não me deste. Você és escravo de uma sociedade capitalista. Só
pensa no dinheiro, nunca se preocupou se a tua família necessitava de outra
coisa, a não ser dinheiro. (Evaldo bate-lhe no rosto) Olha pai, vejo que você
não queres nada comigo. O vazio, esta lacuna que existe dentro de mim é
preenchida com outra coisa, algo que pelo menos por instantes me tira da fossa.
Pai... eu vou embora porque aqui não tem lugar para mim... (Carlos sai)
Evaldo: Isto é o troco que se recebe quando se quer ser um
bom pai, quando se faz tudo pela felicidade de um filho. Então ele vem falar de
amor... coisa de besta. Não sei o que esse menino tem na cabeça. Não tem
problema, pois amanhã ou depois ele volta, já que não tem dinheiro.
Provavelmente irá passar fome. Mas daí ele vai ver o que é bom, o que é
menosprezar o pai. Sabe lá se ainda não terei que me incomodar com isso, quem
garante que ele não vai ser perder no mundo, se tornar um bandido, um ladrão ou
quem sabe até comece a ingerir drogas. E o pior de tudo é que depois ele vai
querer me culpar. (fecha-se o pano)
Ato II
(três
rapazes sentados, uma música bem louca, eles gesticulando entre si. Carlos
entra, a música para) Música 4 (crazy music)
Rapaz: Pô cara, pensei que você não vinhas mais.
Carlos: Pois é, eu demorei um pouco, tive que dar uma
enganada nos hôme.
Rapaz: Naum esquenta veio.. eu consegui o bagulho pra vc...
Carlos:Opa demoro, passa aí
Rapaz: Vc ta doido meu, acha q esse baguio veio de graça.
Me passa o dinheiro aí
Carlos: Po
eu to sem nenhum, me arruma aí, da outra vez eu tive q roba, ateh matei o cara
pra consegui o dinheiro, quebra esse gáio
Rapaz: Nada feito.. vo mim borá, se você não tem dinheiro
pra paga os baguio tem gente que tem.. falô
Carlos: Pera aí, eu consigo... eu tenho a chave de casa
ainda, vou lá e pego o notebook do meu pai, e te passo. É lance cabeça podes
confiar
Rapaz: Assim que se fala doido. Vai puxa um aí... mas quero
este note hj ainda..
Os dois começam a fumar bem lokoss Toca a faixa 5 (Police)
Polícia: Mão pra cima malandro! é a polícia, ta todo mundo
preso. Deita no chão vagabundo! Mandei deitar no chão! (um cara foge, enquanto Carlos é preso) apaga a luz e muda o cenário...
Ato III
(Uma
cela, Carlos sentado olhando para o vazio. Um guarda na porta, ele está preso.
Entra Evaldo e dirige-se aos guardas)
Evaldo: Bom dia, eu sou Evaldo, o pai do Carlos. Posso falar
com ele a sós?
Guarda: O senhor tem documentos?
Evaldo: Ah, sim, aqui está.
Guarda: Está bem, o senhor pode entrar por alguns instantes.
Evaldo: Carlos, como vai?
Carlos: Tô numa pior.
Evaldo: O que aconteceu?
Carlos: Senta aqui e vamos conversar.
Evaldo: Não tem cadeira ou banco por aqui?
Carlos: Que nada, senta aí mesmo.
Evaldo: Mas este chão está todo sujo.
Carlos: No início, quando eu estava melhor, eu mesmo
limpava, mas depois entrei numa ruim... daí não fiz mais nada.
Evaldo: Como assim, "entrei numa ruim"?
Carlos: Isso começou logo depois que agente brigou, que eu
saí revoltado. Pois é eu achei que poderia superar aquilo usando drogas.
Pensava que este vicio seria uma forma de me vingar do senhor. . (tosse) eu
comecei com a maconha, no começo eu achava que poderia sair do vicio a hora que
quisesse. Eu achava que era o forte o suficiente, mas não eu estava enganado.
Quando vi já estava usando drogas mais fortes, veio a cocaína e a heroína, e
meu organismo não pode mais suportar. Meus amigos foram meus amigos apenas
enquanto eu me viciava com eles, mas quando não tinha mais dinheiro eles me
deixaram, aí eu tive que roubar e até matar. .
Evaldo: Carlos, e tudo por minha culpa. Em toda minha vida
eu só me preocupei com o dinheiro, Eu devia ter lhe dado o amor... pode falar
eu sou o único culpado.
Carlos: (pega na mão do pai) não pai a culpa foi minha, o
senhor tem uma parcela de culpa, mas o maior culpado fui eu, Pois a decisão de
usar drogas foi minha,fui eu que colocou os cigarros de maconha, ninguém me
obrigou o único culpado FUI EU, FUI EU, FUI EU...E nesta decisão eu acabei
definindo meu futuro, futuro alias que não terei mais.
Evaldo: Não diz bobagem, nos vamos sair dessa, eu vou pagar
um bom advogado, nos vamos num bom medico..
Carlos: Não Pai eu estou morrendo, meu sistema imunológico
não agüenta mais. Mas sabe pai, eu não tenho mais medo da morte, pois semana
passada veio um pastor aqui, e este me falou de Jesus, que veio ao mundo morreu
e ressuscitou para nos perdoar do pecado, e nos dar a vida eterna. Aí eu me
agarrei nestas palavras e perguntei, ta mas o que faço para ter esta vida
eterna? Sabe o que ele me respondeu pai?
Evaldo: Me fala, é preciso dinheiro, quanto? eu pago!
Carlos: Não é assim pai, não! Não precisa fazer nada é só
crer em Cristo, pai (ele tosse, e fala me perdoa pai)
Evaldo: Eu que tenho que pedir perdão (o filho morre) Toca a faixa 6 e fica só o foco no Pai.
Evaldo: Carlos, Carlos meu filho... não isso não pode estar
acontecendo comigo. Porque você me deixou Carlinhos. Eu nunca tive tempo pra
você, nunca lhe dei uma abraço... A não ser neste momento em que você morreu em
meus braços.
Me
perdoa Carlinhos... Eu achava que pra ser um bom pai precisava apenas dar bens
materiais. E com esta minha ganância nunca tive tempo para a minha família. Sempre
ocupei meu tempo com reuniões em casa de amigos, festas; participava na mais
alta sociedade, dava mais importância aos meus amigos e a minha ambição. Me
preocupava apenas com o meu status.
E agora me pergunto de que me adianta ter todo o
dinheiro do mundo se não posso trazer a vida de meu filho de volta? Agora eu sinto
aquele vazio que Carlinhos disse que estava passando. É um vazio que vem de
dentro. Não há como explicar...
A seu eu pudesse voltar atrás. Se pudesse abraçá-lo.
Se eu tivesse falado de Deus a Ele. Mas como em toda a minha vida sempre fui
ateu. Nunca quis nem pensar em Deus. Quando me falavam de Deus eu zombava, eu
ria, eu me questionava pra que crer em um Deus se tenho tudo o que
preciso. Tenho todo o conforto que
necessito. Não queria enxergar que Deus é tudo na vida de uma pessoa...
Mas pelo menos eu tenho algo a agradecer. Sim
agradecer, porque Carlinhos me consolou no momento mais difícil da vida dele.
Ele disse que não estava com medo da morte, porque Cristo conquistou a vida
eterna para todos que nEle crerem. Se Carlinhos sentiu conforto nestas palavras
é por que certamente é verdade. Para quem crê em Cristo a morte não é o final.
Obrigado Jesus por ter consolado e salvado meu filho, tenho certeza carlinhos
creu em ti e hoje ele não está morto, mas ao seu lado ele vive!
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