A Descoberta
da vida
Autor: Autor desconhecido
Tema: Religiões
Personagens:
João, Espírita, Colega, Médium, Psiquiatra, Sacerdote, Pai-de-santo.
Tempo aproximado: 20
a 30 minutos
Sinopse: João percorre várias igrejas e seitas a procura de
respostas para as coisas da vida até que aceita o convite de um amigo cristão
para visitar uma Igreja cristã.
(Abre-se as cortinas, e o ator entra no palco).
Olá! Meu
nome é João. Eu sou hoje um cristão, mas nem sempre foi assim. Durante toda a
minha vida eu tentei encontrar a verdade, a luz que guiaria meus passos nessa
vida e me mostraria o que realmente há depois da morte. Como eu não tinha quem
me amparasse e me dissesse quem era Cristo, eu passei por várias religiões, mas
Deus quis que eu encontrasse o Seu caminho, e hoje eu agradeço a Ele. Minha
história começou há muito tempo atrás... (Sai do palco pelo outro lado. Quando
volta, está com outra roupa e carrega material escolar acomponhado por um
colega. São abordados por uma pessoa na rua.)
(Espírita) -
Oi! Eu sou __________. Estou fazendo uma
divulgação do centro espírita Luz do Oriente. Nós estamos tentando ampliar o
nosso campo de atuação nesta cidade e eu gostaria de convidá-los para a nossa
sessão de amanhã às 19h.
João: É,
cara, tu veio mesmo a calhar, meu. Eu nunca tive religião, mas sempre senti
falta disso. Amanhã eu tô lá, pode esperar.
(Colega) :
Ih, meu! Não vai atrás disso. Esses caras não passam de um bando de loucos. Uma
tia minha foi numa sessão dessas; disseram que a coitada recebeu um espírito e
começou a falar em outra lingua. Ela nunca mais recuperou sua estabilidade
emocional. Não passa de um trapo hoje.
João: Pô,
mas tu é medroso mesmo, hein? Eu vou lá sim; não tenho nada a perder, cara. Se
eu gostar, eu vou seguir. Finalmente apareceu alguém que se interessou por mim.
(diz para o espírita) Olha, pode me dar o endereço que eu vou lá.
(Sai o
espírita por um lado e os outros dois pelo outro. Fecha-se as cortinas).
(Abre-se as
cortinas, Aparecem João, o espírita, um leigo e um médium, todos sentados em
volta de uma mesa para a experiência do copo).
Médium:
Agora, vamos todos nos concentrar. (passa-se algum tempo). Se há algum espírito
nesta sala, manifeste-se. (Copo - SIM). Como é o seu nome? (Copo - João). Em
que lugar você nasceu? (Copo - Porto Alegre). Em que ano? (Copo - 1973). Você
estudou? (Copo - Sim). O que você estudou? (Copo - 2º Grau). Em que ano você
desencarnou? ( O copo não se mexe. João começa a ter tremeliques e desmaia. Fecha-se
as cortinas).
( O
protagonista está em recuperação em uma clínica. Está sentado, conversando com
o psiquiatra que o tratou).
Psiquiatra:
Então foi isso que aconteceu? Você compareceu a uma sessão espírita e teve
convulções durante a experiência do copo?
João: É,
doutor. Mas o que eu achei estranho foi o copo estar falando de mim. O cara lá,
como é? Médium? Ele invocou o espírito e o copo falou tudo a meu respeito. Meu
nome, onde eu nasci, meu nível de instrução. Como isso pode acontecer?
Psiquiatra:
O que provavelmente aconteceu foi o seguinte: o seu inconsciente, uma parte da
sua mente que não aparece a toda hora, foi acionado pelo clima do momento e
começou a falar como se fosse o espírito invocado. As convulsões e o desmaio
provavelmente foram provocados pelo susto que você, em seu inconsciente, levou
co a pergunta sobre o ano da morte. Seu inconsciente reagiu para protegê-lo da
idéia de morte e fez com que você desmaiasse.
João: Mas o
inconsciente pode fazer tudo isso? Mexer copos e responder perguntas?
Psiquiatra:
Isso e muito mais! Todas essas psicografias, incorporações, regressão de
memória, curas e outros, não passam de sugestões do inconsciente das pessoas. O
espiritismo é uma religião que tenta tornar sobrenaturais fenômenos que, à luz
da ciência, são facilmente explicados. Mesmo a regressão a vidas passadas não
passa de uma técnica de hipnose que faz com que as pessoas, usando o
inconsciente, criem as histórias mais mirabolantes que se possa imaginar.
João: Droga!
E eu que pensava que esse pessoal tinha algo de bom pra me apresentar. Durante
toda a minha voida eu tentei encontrar a religião certa e até hoje eu só
quebrei a cara.
Psiquiatra:
Eu acho que posso ajudar. Eu sou budista praticante. O Budismo é uma religião
que não invoca espíritos. O espírita procura seguir os passos do mestre Buda e,
através dos rituais de purificação e meditações, alcançar a perfeição e chegar
ao Nirvana. Se você quiser, eu posso acertar como sacerdote do templo que eu
freqüento e você fica uma semana lá.
João: É,
tudo bem. O que eu tenho a perder? ( Fecha-se as cortinas).
( Aparecem
João e mais 2 ou 3 pessoas ajoelhadas, com a cabeça inclinada, em posição de
meditação. O sacerdote entra com uma vara na mão, segundo o custume budista,
para contiolar a meditação. Depois do sacerdote andar 3 ou 4 vezes de um lado
para outro, João coça a cabeça, o que é considerado um sacrilégio na meditação
budista. O sacerdote então lhe dá uma varada).
João: Ei,
cara, o que pensa que tá fazendo?
Sacerdote
(reage com tremenda estupidez): Cale-se e volte à sua posição.! Não desrespeite
o iluminado!
João: Tu nem
mesmo tenta ser agradável. Como espera manter as pessoas aqui?
Sacerdote:
Se não voltar já a sua posição, será puniodo com as chibatadas.
João: Eu vou
embora! Não agüento mais ficar comendo só arroz e alface. Faz uma semana que eu
tô aqui e não posso nem passar pela cerca, pis vou ser castigado. Tô até
desconfiado se vocês são mesmo homens, pô! As garotas tão logo ali do lado e
vocês nem se mexem.Parecem de gelo. Vê se te enxerga, meu!
Sacerdote:
Gente como você não é digna do mestre Sidartha Gautama. Suma-se daqui, rapaz!
Volte para sua sociedade de consumo e depravação. ( fecha-se as cortinas).
( João
aparece um pouco mais velho, aconselhando-se com um pai-de-santo. Em um
terreiro de Umbanda. Muitos curiosos ao redor bservam a cachaçada e as
baforadas do charuto do preto véio).
Pai-de-santo:
Então fio, o que suncê qué sabê?
João: Eu
quero saber porque eu não consigo me acertar em nenhuma religião. Eu já tentei
entrar no espiritismo e descobri que não passa de uma fraude que os próprios
espíritas cometem sem saber. Acabei parando numa clínica psiquiátrica. Depois
passei para o budismo, mas eu não agüentei a rígida disciplina e as privações
que eles impunham. Isso sem contar as chibatadas que levei durante as
meditações. Eu quero encontrar a resposta, meu pai.
Pai-de-santo:
Fio, preto véio sabe das coisa. Tu tá é com espírito de pombagira ruim. Suncê
tem que fazê despacho, fio. Meia-noite de sexta suncê traz um prato com sapo
morto e boca costurada . Dentro da boca uma oferenda e do lado do prato uma
garrafa de pinga. Deixa tudo na encruzilhada aqui na frente. Assim pombagira
vai deixá suncê, fio.
João
(desconfiado): E o que acontece com o despacho?
Pai-de-santo:
Espírito de Ogum vem e leva espírito da pombagira de você. O despacho fica na
encruzilhada mesmo.
João: Vai te
catar, meu! Tá escrito “otário”aqui na minha testa? Vocês vão é mandar recolher
a pinga e a grana. Senão, de onde vocês tiram grana para comprar charutos? As
garrafas de pinga vêm de onde? Se querem encher a cara, procurem outro pato. Eu
vou embora e vou esquecer que existe religião.
(Assim que
deixa o terreio, João é assaltado. Quando os agressores fogem ele cai ao chão,
chorando. Passa por ele o mesmo ator que foi seu colega no início).
Colega: Ih,
rapaz! Que fossa é essa?
João: Eu não
sou ninguém mesmo. Acabo de ser assaltado, um pai-de-santo tentou me enganar
para tirar minha grana. Eu continuo sem ter uma religião que me satisfaça, algo
que eu quis ter durante toda a minha vida. acho que vou mesmo comprar a pinga
que o pai-de-santo disse, quando tiver grana, para me afogar nela.
Colega:
Cara, você não é o João?
João: sou.
Você me conhece?
Colega:
Claro, meu. Eu sou o ___________. Lembra que eu te disse para não se meter no
espiritismo há alguns anos? Pelo jeito, tu foi bem mais longe!
João: rapaz,
eu nem te reconheci! Dá cá um abraço. E tu, o que anda fazendo da vida?
Colega: Eu
tô trabalhando numa multinacional lá perto de casa. Mas tu tá um bagaço, hein?
Tudo isso é religião, cara?
João: É sim,
cara. E tu passou por esse problema também?
Colega:
Passei, mas já tá resolvido
João: Como?
Abandonou todas as religiões?
Colega: Não,
descobri a salvação , cara! Descobri a vida! Uma vez, um missionário bateu à
minha porta e me falou de Jesus Cristo. Eu resolvi conferir e me encontrei.
Jesus é mesmo o canal!
João: Não
vem, meu. Eu não acredito mais em religião nenhuma. Esses caras de igreja,
então, nem se fala. Só sabem pregar o fim do mundo e recolher grana.
Colega: Você
já experimentou alguma vez ir à igreja conversar com pessoas cristãs?
João: Não,
nunca.
Colega: Bem,
se mudar de idéia e resolver experimentar antes de julgar, te dou o endereço da
minha igreja e você passa lá. Tenta, cara, e você não vai se arrepender.
João: Vou
pensar no caso, cara. Mas se não der certo, eu juro que nunca mais vou atrás de
religião nenhuma! (Sai cada um por um lado. Aparece João com a mesma roupa do
início da peça).
João: Bem, a
minha história é essa. Resolvi aparecer na igreja e minha vida mudou. Conheci
pessoas diferentes, que têm um Deus que as ama a ponto de entregar-se à morte
por elas, que não merecim nada Dele a não ser castigo. E tudo isso eu aprendi
com uma visita de um missionário. Jä imaginaram se todos os cristãos fizerm
isso? O mundo se tornarámais feliz. Mais pessoas se tornarão cristãs e serão
salvas de uma morte que é pior que essa morte que a gente conhece. Vamos lá,
pessoal! Onde quer que possam falar, falem. Talvez os resultados demorem a vir,
mas virão, podem ter certeza. (Fecha-se as cortinas).
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