ANJO NO ESPELHO
Autor: Adaptado por
Daniela Von Mühlen
Tema: Advento
Personagens: Dona Cleonice – costureira; Lucia – uma menina; Paulo
e Alice – um casal jovem; Tia
Marta – uma senhora; Marcelo e
Vanessa – sobrinhos dela; Carlos – um empresário.
Tempo aproximado: 20 a 30 minutos
Sinopse:
Uma menina que está
experimentando sua roupa de anjo que irá usar no programa de natal da igreja,
ela conversa com a costureira sobre a mensagem do anjo e quando a costureira
sai, a menina bate de porta em porta anunciando a mensagem de que Jesus nasce.
Ela bate em 3 casa de diferentes tipos de pessoas e acaba mudando a vida de
todos.
Dona Cleonice está ajustando o traje de anjo em Lucia. As
duas estão conversando. De vez em quando Lucia
examina-se no espelho que está de um lado do palco.
Lucia: Tem certeza que eu vou parecer com um
anjo de verdade?
Dona Cleonice: Sim, claro que sim. E agora fique
quieta enquanto eu concerto esta asa. Tua fantasia ficará prontinha com mais
alguns ajustes.
Lucia: As asas são parecidas com as de
verdade?
Dona Cleonice: Eu acho... Mas agora, vamos
experimentar a auréola. (Ela pega-a e coloca na cabeça de Lucia)
Lucia: Como é linda! Parece de verdade! Toda
brilhante...
Dona Cleonice: Eu também acho bem bonita. (Ela
ajusta a fantasia e afasta-se, verificando o efeito). Você cada vez mais
parece um anjo, Lucia!
Lucia: Será...? (hesitando) mas, nem
sempre me sinto como um anjo, Dona Cleonice.
Sabe, lá na escola tem uma menina que faz coisas que são erradas. Briga com os
colegas, não obedece a professora..., mas depois ela fica muito triste.
Dona Cleonice: Bem, todos nós fazemos coisas erradas,
mas se essa sua colega fica triste, é porque se arrependeu, então peça perdão a
Jesus e não repita mais o erro. Esse é o espírito do Natal, Jesus veio ao mundo
para nos salvar da morte eterna, perdoar nossos pecados. Deixa eu ver agora as
mangas.
Lucia: (Falando devagar, pensativa) A
senhora acha que se alguém me visse, iria pensar que eu sou um anjo de verdade?
Dona Cleonice: Talvez! O efeito seria bom para eles. Acho
que todos nós seríamos atingidos se víssemos um anjo de verdade. Mas,
infelizmente, nunca saberemos, não é? Pelo menos, não nessa terra... Agora vire
um pouco para o lado, Lucia. Como suspeitei, a bainha não está bem certa.
Lucia: Mora muita gente aqui neste prédio,
Dona Cleonice?
Dona Cleonice: Sim, bastante. Há doze apartamentos,
além do zelador. Não se mexa agora. Preciso ajustar o lado.
Lucia: A senhora virá ao nosso teatro de
Natal? Será dia 23 de dezembro às 20h, lá na igreja.
Dona Cleonice: Ah!
Eu gostaria de ir. Então poderei ver de longe como ficou sua fantasia.
Lucia : Sou eu o único anjo que tem um papel
falado. Os outros somente cantam. A senhora quer ouvir a minha parte?
Dona Cleonice: Sim, se você quiser. Só uma coisa:
você fica girando devagar para eu poder verificar a bainha.
Lucia: (Girando devagar) Bem, a
senhora sabe, os pastores estão aí no palco, admirando-se com a estrela. Então
nós anjos entramos cantando. Os pastores se assustam. Eles não estão acostumados a ver anjos no
meio da noite. Então eu falo para
eles: “Não tenham medo, pois trago boa
nova de grande alegria: é que hoje vos nasceu, na cidade de Belém, o Salvador,
que é Cristo o Senhor. E isto vos servirá de sinal: ...”
Dona Cleonice:
(Em voz baixa) “...encontrareis uma criança envolta em faixas e
deitada na manjedoura.”
Lucia: Como é que a senhora sabia?
Dona Cleonice: Ah! A muito tempo atrás eu aprendi.
Lucia:
Bem, então os outros anjos cantam e eu digo: “Glória a Deus nas alturas
e paz na terra entre os homens a quem ele quer bem.” E daí os pastores não têm mais medo.
Dona Cleonice: Você fala muito bem, Lucia. E agora,
mais alguns alfinetes... (A campainha da porta toca e ela olha o relógio).
Ai, ai, deve ser a dona Amélia vindo para experimentar seu vestido. Ela chegou
uns minutos antes da hora marcada... Você se importaria de esperar mais alguns
instantes, Lucia? (outra vez a
campainha toca insistentemente). Tomarei conta de dona Amélia em outra
sala.
Lucia: Pode ir dona Cleonice. (Dona Cleonice sai às pressas. Por um momento
Lucia fica parada. Então ela corre, lá longe está o espelho). Sabe quem sou
eu espelho? Sou um anjo. Mas você já sabe. Humm... será que mais alguém
saberia? Se sair pela porta e andar pelos corredores entre os apartamentos! (Ela
atravessa na ponta dos pés) Até logo espelho! (Lucia sai)
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Alice: Estou tão contente que você finalmente
concordou comigo Paulo. É muito mais sensato economizar o nosso dinheiro para
comprar um carro novo do que visitar sua mãe neste Natal. Afinal de contas,
temos ido todos os anos, desde o nosso casamento. Quatro vezes!
Paulo: Mas mamãe está contando com a nossa
visita. Será difícil dizer que não vamos.
Alice: Mas há tanta gente lá, nossos
parentes, amigos, o pessoal da igreja, nem faremos diferença. Diz pra ela que
seria uma viagem cara, que queremos passar o Natal juntos... que... sei lá
eu...(Pausa) Mas não pare de pensar no carro, assim será mais fácil...
Paulo: Não será tão fácil assim...
Alice: ... E no ano que vem iremos de carro.
Liga logo que ela se acostuma com a idéia.
Paulo: Duvido!
Alice: Agora você não pode voltar atrás.
Vamos pensar em nós neste ano, para variar. Nós e o novo carro! Sim, vamos esquecer do Natal na casa da tua
mãe este ano. (Lucia entra, pára em frente ao apartamento de Paulo e Alice, toca
a campainha.)
Alice: Quem será que está aí?
Paulo: Eu vejo... (Finge abrir a porta e
recua um tanto surpreendido) Ué...
Alice: (Curiosa indo para a porta)
Quem é você?
Lucia: Eu... “Eis que vos trago boas novas de
grande alegria”. (Ela se volta para ir
embora e diz): Feliz Natal! (Sai dizendo): “Paz na terra aos
homens...”
Paulo: O que foi isto?
Alice: Não sei. Não é nenhuma criança do
prédio, disso tenho certeza. Ah, Paulo,
estou me sentindo tão esquisita... Deve ter uma razão para ter acontecido isso conosco
agora... agora que você ia ligar pra sua mãe...
Paulo: Você ouviu: paz na terra! Alice, eu
acho que isso tem algo a ver com paz no coração também.
Alice: É, a época de Advento é para a gente
avaliar nossa vida... buscar os verdadeiros valores! Buscar os valores de
Deus... espírito de Natal... acho que não estou fazendo isso... Liga pra sua
mãe e diga que iremos.
Paulo: Você está falando sério?
Alice: Bom, fiquei pensando quando aquele
anjo estava parado aí. O carro pode esperar. Mas o Natal não pode. Não podemos
esquecer o Natal, Jesus veio ao mundo por nós... não é Paulo?
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Marcelo: Este vai ser o Natal mais triste, mais
solitário, mais monótono que já experimentamos até hoje. Agora temos que morar
com a Tia Marta, aposto que nunca mais teremos um verdadeiro Natal.
Vanessa: Ela não acredita em nenhuma alegria do
Natal, como as outras pessoas.
Marcelo: Dar presentes para ela é bobagem e
preparar uma árvore de Natal é perda de tempo.
Vanessa: Ela fala do Natal como se fosse uma
coisa triste, como se tivesse morrido alguém.
Marcelo: Você lembra em casa, como cantávamos,
ríamos... Participávamos do programa de natal da igreja. E depois ganhávamos os
presentes. Era bem legal.
Vanessa: Será que Tia Marta concordaria com uma
árvore se pedíssemos?
Marcelo: Não sei, acho que não. A mãe sempre
dizia que a árvore era um buquê para Jesus, por isso enfeitavam ela bastante...
Vanessa:
E fica tão lindo!
Marcelo: Também os presentes de Natal, eram
para comemorar o aniversário de Jesus.
Vanessa: Psiu, a tia vem vindo...
Tia Marta: Estou contente crianças, que vocês não
estão me aborrecendo com estas histórias de árvore de Natal, presentes, almoço...
isso são coisas que não deveriam existir, Natal é um dia como outro qualquer,
aliás, mais triste, porque é final de ano, contas pra pagar... tudo fica pior
nesta época do ano. (Resmunga até baterem na porta. Ela levanta e vai atender)
Mas, quem é você?
Lúcia: Eu sou... “Eis que vos trago boas
novas de grande alegria... Paz na terra entre os homens a quem ele quer bem”
(Começa a sair correndo, mas então vira-se e diz) Feliz Natal!
Tia Marta: Nunca vi igual!
Vanessa: Eu nunca vi um anjo antes, a senhora
já, Tia Marta?
Tia Marta: (Fecha a porta e senta-se. Fala
como em sonho enquanto eles a ouvem) Eu já fui um anjo!
Os dois: A senhora?
Tia Marta: Fui um anjo uma vez, numa peça de
Natal na igreja, há tanto tempo que quase havia me esquecido... usei uma
fantasia branca com asas, depois da peça havia uma árvore de Natal...
Marcelo: Na igreja, Tia ?
Tia Marta: Sim, quase alcançou o teto. E todos
receberam presentes e depois cantamos canções de Natal. Ah, foi um Natal maravilhoso!
Vocês sabiam que eu falei as mesmas palavras que aquele anjo disse aqui? Crianças, eu já ia me esquecendo do sentido
delas. Alegria...alegria... Acho que esqueci que Jesus foi o verdadeiro
presente de Natal para nós e que ele quer que estejamos felizes, muito felizes.
Ah, faremos um Natal muito feliz e Jesus vai nascer aqui também. Poderemos ir
na igreja e vocês verão os anjos, pastores...
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Carlos: Alô ... que? Ah... é da minha igreja?
Uma apresentação... que dia? Dia 23? Não posso é uma data muito ruim... Eu
quero aproveitar este dia para passear... sei que é um programa importante...
uma peça de Natal... eu seria o anjo?
Mas sabe, fica difícil? Não tem outro pra colocar no meu lugar?
Entendo... bem se eu puder eu ligarei de volta. (Desliga o telefone). Programa de Natal... que chatice... bem no
começo das minhas férias... (Lucia entra em cena e finge bater em sua
porta).
Carlos: (Abre a porta) Quem é você?
Lúcia: “Trago boa nova de grande alegria, que
será para todo povo...”
Carlos: Para todo povo? ...
Lúcia: “É que hoje vos nasceu, na cidade de
Belém, o Salvador, que é Cristo o Senhor.”
Carlos:
Oh!
Lúcia: (Sai correndo e diz:) Feliz
Natal!
Carlos: Um anjo... uma boa nova de grande
alegria... estranho! (Fecha a porta, vai ao telefone, olha pensativa por
alguns instantes). Alô, o responsável pelo programa de Natal está? Por
favor gostaria de falar com ele... sim espero... Como vai o senhor? Algo de
estranho aconteceu, consegui entender o que o senhor falou sobre o espírito de
Natal... O que foi? Acho que o senhor não vai entender, mas vi um anjo... Oh, sim, que Deus possa abençoar esta
apresentação. Até logo. (Desliga o telefone)
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(Lucia volta na ponta dos pés até a frente do espelho)
Lúcia: Estou de volta espelho. (Examina-se cuidadosamente no espelho) .
Puxa, eu pareço mesmo um anjo! Eu me
sinto diferente por dentro! Mas os outros que vi nos apartamentos... não
consegui ver neles se fez diferença para eles ou não...
Dona Cleonice: Até logo dona Amélia . Lembre-se,
amanhã às três horas...(Dona Cleonice
entra e vê Lucia perto do espelho) O que você está olhando, Lucia?
Lúcia: Um anjo. Não é que eu pareço mesmo com
um anjo, Dona Cleonice?
Dona Cleonice: Bem, não exatamente. Paciência, só
mais alguns alfinetes e teremos
terminado por hoje. (Ela trabalha outra vez na bainha)
Lúcia: Alguma coisa aconteceu enquanto a
senhora estava fora, dona Cleonice.
Dona Cleonice: Ah, é?
Lúcia: É. Algo de Natal. Aqui mesmo no
prédio.
Dona Cleonice: Não diga! E o que foi que aconteceu?
Lúcia: Sabe aquela colega que eu falei que
fazia coisas erradas? Parece que ela entendeu o verdadeiro espírito do Natal e
pediu perdão pra Jesus por tudo que fez de errado, e ela não vai mais fazer
isso.
Dona Cleonice: Que bom, mas o que fez ela mudar de
atitude?
Lúcia: Bem, ela começou a sentir-se diferente
por dentro... porque ela viu um anjo...no espelho!
Dona Cleonice: No espelho? Essa menina, por acaso é
você, Lúcia?
Lúcia: Sim.
Dona Cleonice: Não tenha
medo! Nem vergonha de reconhecer seus erros, a mensagem de Jesus mudou o teu
coração também! Que bom! (Dona Cleonice e Lucia se abraçam).
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