sábado, 2 de maio de 2015

“COMPADRE SURDO”

“COMPADRE SURDO”

Personagem: Ramão e Juca

Ramão: ( sozinho no palco, com um cesto de ovos fala de si mesmo):
            É triste a gente ouvir mal. Muitas vezes me dizem uma coisa e eu por ser surdo, entendo outra e me torno ridículo. Assim, há um mês mais ou menos, a véia me disse: Já te pagou o patrão?  E eu entendi que me perguntou se o Então já pegou o ladrão, porque há muito tempo, já o Então se queixava que alguém lhe roubava as galinhas. Então eu disse pra minha véia. Se pagasse o miserável merece uma tunda de laço e talvêz até a cadeia minha véia ficou muito braba comigo porque pensou que eu tratava de ladrão o meu bom patrão o seu Joanico, que me tinha ajudado prá eu capinar as suas plantas. Quando ficou explicado o engano e eu disse que o patrão me ia pagá na outra semana a véia me disse tá bem então tu receber o dinheiro me dá algum prá eu comprá galinha: e eu ouvi mal e pensei que a véia queria compra caninha. Fiquei danado e disse e: véia pra tu compra e bebe caninha não te dou nem um tostão: Então ela me xingou que eu jurgava que ela queria beber caninha, quando ela falou em comprá galinha pra ela pô ovos e dispois nois vende esses ovos. Assim eu fiquei contente e a véia comprô cinco galinha e agora estamos vendendo ovo.

Juca: ( entra com um casaco e um saco nas costas) - Bom dia, compadre Ramão.
Ramão: - Bom dia, compadre Juca ) apertam-se as mãos).
Juca:     - Então como vai, está com ar de festas?!
Ramão: - Onde eu vou e o que tenho na cesta? Vou pro’s  compadre, levar ovos.
Juca:     - Como lhe vai a comadre, que conta de novo?
Ramão: - Ah! O compadre pergunta porque levo tantos ovos? É prá vende, é prá vende.
Juca:     - Eu não pergunto por ovo, Mas se tem alguma novidade.
Ramão: - Sim, eu vou vender ovos na cidade. Lá tem mió preço do que na colônia.
Juca:     - Eu sabia que ouvia mal, mas agora vejo que é bem avançado.
Ramão: - Sim, compadre, também o nosso feijão foi queimado esta vez por geada. E você compadre que traz neste saco?
Juca:     - É farinha, trago do moinho.
Ramão: - Caninha e uns tragos de vinho? Então nós se sentamos e bebemos uns tragos. Não gosto de caninha, mas vinho eu adooro.
Juca:    - O compadre entendeu mal. Não trago bebida, trago farinha para pão olhe para você se convencer ( Mostra-lhe esfregando no nariz/olha no saco).
Ramão: - Ah! é farinha e eu entendi caninha. Discurpe compadre, mas eu sou meio surdo e assim acontece que oiço mar.
Juca:     - O Compadre não disse como vai a sua gente.
Ramão: - É verdade: Foi muita água nesta enchente.
Juca:     - Mas ... Já se vê que não entende.
Ramão: - A que preço são os ovos que vende? Aqui a um Cruzeiro, mas na Cidade três. Mas agora tenho que ir. Adeus cumpadre!!!
Juca:     - Até outra vista compadre, lembranças a comadre.

Ramão: - isso mesmo, eu vou pegar as outra pista, aquela que passa na casa do padre. 


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